

Limites; proteção para a vida
“Do ponto de vista budista, mesmo quando atingimos o mais alto grau de iluminação, nossas atividades iluminadas são para o bem dos outros. Com efeito, a atividade iluminada brota espontaneamente em decorrência de os outros existirem.” (Dalai Lama)
E como podemos perceber, acolher e respeitar a existência do outro se estivermos fechados em nossos saberes e direitos? Para que um ser consiga interagir totalmente com seu semelhante, antes precisará reconhecer-se em seus contornos, ou seja, em suas possibilidades e impossibilidades. Precisará sentir com precisão onde se localiza a fronteira entre ele e o outro. Até para fazer o bem é importante conhecer os limites para não haver o risco de invadir o próximo ou retirar dele a chance de ação.
Limite nos dá direcionamento e inteireza. A água de um rio que flui sem as margens, sem seus limites, se perde nas extremidades. Quanto mais delimitadas são as margens, mais força terão as águas para correr.
Quanto mais certeza uma criança tem do que pode ou não pode, mais força ela terá para deixar fluir sua vida emocional e física, mais criatividade usará para ultrapassar os obstáculos e mais capacidade terá para interagir harmoniosamente com seus semelhantes. Isto porque ela estará sentindo-se bem cuidada, forte e segura.
Todo esse processo é bem primário, pois o bebê só passa a sentir que a mãe é alguém diferenciado dele quando começa a receber as primeiras frustrações e interdições, os primeiros e tão importantes “nãos”. A cada censura a criança vai aprendendo que o outro existe, sente, deseja e espera algo dela. Quando essas interdições são frágeis, incertas ou raras, aprende-se que sua vontade prevalece e o outro não importa tanto. Imagine esse pensamento em idades mais avançadas; é o que gera tanto egoísmo, indiferença com o próximo, arbitrariedades em geral.
Para que possamos ensinar nossas crianças a se doarem ou até mesmo negarem algo (e o quanto isto também é importante!), as noções de amor e autocuidado são a direção. E o caminho pode ser mais fácil através de um diálogo contínuo e do limite claro, com a devida segurança que deve partir de nós mesmos.
Muitas vezes parece difícil ter autoridade e não ser autoritário... O autoritarismo é uma ordem imposta sem razão que fica próximo ao desequilíbrio emocional do adulto, que não admite ser questionado.
A autoridade é imprescindível e pode ser exercida com carinho e aberta ao questionamento. Encontramos as leis em toda parte e da mesma forma que elas têm um por quê, também existem para serem cumpridas.
A família é o núcleo germinador da sociedade; se prepararmos nossos filhos com as noções que ele encontrará no mundo terá uma existência mais favorável. Do contrário, ficará confuso e talvez tente burlar as regras...
Um outro aspecto definitivo para cuidarmos dos limites de nossas crianças é ensinar-lhes a falar de seus sentimentos, pois não há dúvida de que um limite pode gerar muita raiva e frustração, mas se nos treinarmos a ouvir, permitir que a criança se expresse e mesmo assim mantivermos a orientação dada, com o devido acolhimento, ela aprende que não pode fazer isto ou aquilo, mas pode sentir, pode e deve manter o contato com suas emoções verdadeiras. E a importância disso é criarmos pessoas sensíveis, com liberdade de expressão e capacidade de tolerar frustrações. E quem não sofre frustrações nessa vida? Afinal estamos aqui num constante aprendizado.
Vera Estrella

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